A sexta meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – “Agua Potável e Saneamento” – estará no centro dos debates do 8º Fórum Mundial da Água, que agendado para os dias 18 a 23 de março, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, localizado nas proximidades do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios.
Sede do “Planeta ODS”, o Planetário de Brasília será palco de palestras e exibições imersivas de filmes. Mais de 300 debates discutirão como os problemas de gestão da água trazem desafios para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os ODS. Apenas 12 chefes de Estado compareceram à cerimônia, realizada sem a presença de algum presidente de parceiros do Mercosul ou do Brics, bloco das economias emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Representantes de 150 países participam do evento.
Criado em 1996, pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos. Em Brasília, ele é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo local — representado pela Adasa-DF — e pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da ANA. Evento trienal, o fórum já passou por Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).
ONU, UGT E SUSTENTABILIDADE
Desde setembro de 2015, a ONU assumiu a decisão histórica de alcançar o desenvolvimento sustentável mundial, nas dimensões econômica, social e ambiental, até 2030. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), que luta pelos direitos do cidadão além das questões trabalhistas, mas também em temas de responsabilidade social, relacionados à saúde, segurança, mobilidade, trabalho decente, e meio ambiente, atendeu ao chamado da ONU já em agosto de 2016, a partir de parceria com a Secretaria da Juventude e o Observatório do Trabalho Decente, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) Brasil, que implementou o projeto “Jornada 2030: 17 Objetivos para Mudar o Mundo”, com 169 metas e milhões de possibilidades.
Na pauta da Jornada 2030, o fim à pobreza e à fome em todos os lugares; o combater as desigualdades dentro e entre os países; a construção de sociedades pacíficas, justas e inclusivas; a proteção dos direitos humanos e a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres; a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais; além da criação de condições para um crescimento sustentável, inclusivo e economicamente sustentado.
Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal, destacou a importância da preservação dos recursos hídricos como um desafio local e mundial, em um momento em que Brasília enfrenta extenso racionamento de água. Lembrando que esta é a primeira vez em que o Fórum Mundial da Água é realizado em um país do Hemisfério Sul, Rollemberg fez menção à presença da União Geral dos Trabalhadores (UGT), única central sindical brasileira presente no evento. Em 2021, o Senegal vai sediar a 9ª edição do evento.
Atuando em Brasília, cidade mergulhada em um racionamento de água sem data para acabar, Miguel Salaberry Filho, Secretário Nacional de Relações Institucionais da UGT, alerta que o desafio vai além do dilema que aflige a capital federal, mas vem assombrando o País nos últimos anos, sendo cada vez mais comum em vários cantos do mundo. Com Salaberry, Isaú Chacon, presidente da UGT-DF, e Cris Palmieri, Gestora do Comitê de Sustentabilidade da UGT, representaram o presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, e levaram os cumprimentos da Central ao governador Rollemberg. Os sindicalistas estavam acompanhados por Simone Rocha, membro do Grupo de Trabalho do ODS.
FINANCIAMENTO DA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
Para proteger mananciais do Distrito Federal, os organizadores do 8º Forum Mundial da Água se comprometem a recuperar, a cada 5 euros doados, 5 metros quadrados de matas de galeria e vegetação típica do Cerrado. Intitulada Cerrado do Fórum, a ação faz parte do projeto Produtor de Água no Pipiripau, desenvolvido em parceria com agricultores da região. A restauração será por meio de plantio de mudas e semeadura do solo nas margens e nas nascentes do córrego de mesmo nome.
Grãos cedidos pela Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros (Cerrado de Pé) serão plantados em tubetes durante o fórum e levados para o Rede Planta. Nesse projeto, alunos de escolas particulares de Brasília cuidam de espécies vegetais em viveiros.
Além do plantio das mudas, o dinheiro arrecadado servirá para que as áreas passem pelo processo de semeadura direta. A técnica consiste em tratar o solo para remover gramíneas que não integram a vegetação nativa.
Segundo a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), até o dia 14 de março, foram doados R$ 8,5 mil por 226 inscritos de todo o mundo.
Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300)